Nenhum dicionário, antigo ou moderno, registra proservação. Mas o termo existe e tem sido empregado em linguagem médica com o sentido de seguimento, acompanhamento. Corresponde à expressão inglesa follow up, hoje largamente difundida pelos autores brasileiros, enriquecendo a terminologia do nosso português médico.
Se a palavra não está dicionarizada, como teria surgido?
O prefixo latino pro, dentre suas várias acepções, tem a de indicar "para diante", "para a frente" (no tempo e no espaço). Carlos Goes dá como exemplo prosseguir, projétil, propender, prognato, propulsar, propelir.[1] Por outro lado, há em latim o verbo servo, servare, que significa, entre outras coisas, observar, vigiar, estar atento, dar atenção.[2]
A junção do prefixo pro com o infinitivo servare daria o verbo proservare (proservar em português), que não se encontra registrado, mas que poderia ser a fonte etimológica do substantivo proservação.
Segundo informações do Prof. Alcino Lázaro da Silva (comunicação pessoal), o termo fora criado há algum tempo pelo Dr. Roxo Nobre, eminente e ilustre médico que exerceu suas atividades no Hospital A. C. Camargo, de São Paulo. Como temos a alternativa de "seguimento" (ou acompanhamento), de mais fácil assimilação, além da expressão inglesa follow up, o termo proservação tem sido pouco utilizado.
Curiosamente, a odontologia emprega proservação muito mais vezes do que a medicina. Em 32 trabalhos indexados pela BIREME nos últimos 18 anos, nos quais se encontra o termo proservação, 28 são da área odontológica e apenas 4 da área médica.[3-6]
A literatura odontológica nos dá
um exemplo digno de ser imitado.
Referências bibliográficas
1. GOES, Carlos - Dicionário de afixos e desinências, 3.ed.
Liv. Francisco Alves, 1937, p. 169.
2. SARAIVA, F.R. dos Santos: Dicionario latino-português, 9.ed.
Rio de Janeiro, Liv. Garnier, 1993.
3. BARUFFI, I.; CARVALHO, N. S., VELLUDO, M. A. S. L. -
Distrofias vulvares: aspectos clínicos e anatomopatológicos.- Rev. paul.
Med.103:54-66, mar.-abr. 1985.
4. ARAÚJO, M.S., SOUSA, S.C O.M. - Análise epidemiológica de
pacientes acometidos com paracoccidioidomicose em regiäo endêmica do estado de
Minas Gerais. – RPG Rev. Pós-grad;7:22-6, jan.-mar. 2000.
5. MARIÂNGELA, V; PINOTTI, J.A.. Mensuraçäo dos tumores
benignos da mama: qual o melhor método? Rev. bras. Ginecol. Obstet;16:113-6,
maio-ago. 1994.
6. PETTI, D.A.; KEMP, C.., SILVA, N.D., MENDES, S..- Câncer de
mama no ciclo grávido-puerperal. Rev. paul. Med;107 139-43, maio-jun. 1989.
Autor: Joffre M. de Rezende
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15/09/2002